Foi preciso esperar que chegasse o primeiro golo, aos 23', para ver Carlos Queiroz levantar-se do banco. Até então, limitara-se a cruzar e descruzar as pernas e a recostar-se contra as costas da cadeira, aparentando uma tranquilidade contraditória com a emoção deste regresso à Selecção, mas justificada pela superioridade sobre o adversário.
Mais do que o título de professor associado a Queiroz, foi mesmo a diferença de qualidade entre Portugal e a penúltima selecção europeia do ranking da FIFA a justificar o "cliché" de ter-se tratado de uma aula, neste caso ligeiramente mais prática do que um treino de conjunto, mas que permitiu observar algumas das fórmulas que se preparam no actual laboratório da Selecção.
A primeira explosão de alegria do estádio de Aveiro e que teve um eco mais contido no Professor, pelo menos aparentemente, teve por protagonista Carlos Martins, que não só se estreou a marcar pela Selecção como justificou a titularidade e a entrega da camisola 7. Que melhor suporte para a ideia, expressa na véspera, de que nesta equipa não há lugares marcados? Como se esperava, Queiroz não fez um corte radical com o passado.
Respeitou o 4-3-3 que era "marca registada" de Scolari mas com algumas "nuances", a pensar em Malta, primeiro adversário da qualificação para o Mundial'2010: além do já referido Carlos Martins, cuja inclusão no triângulo do meio-campo (com Raul Meireles e um soberbo Deco) confere maior tracção dianteira à equipa, foi notório um posicionamento mais interior dos extremos - Nani e Simão -, bem apoiados por laterais muito subidos.
Pela nova cartilha, deu ainda para perceber que o ponta-de-lança já não terá a responsabilidade de recuar para tabelar com os extremos, competindo-lhe, simplesmente… tentar a finalização. Após o golo inaugural, Queiroz só voltaria a levantar-se aquando da lesão que obrigou à saída de Bosingwa para ser assistido. Até então, porém, ficara bem patente outra das experiências a que pretende dar bom uso, as bolas paradas.
Cantos longos, cantos curtos e até livres "à Camacho" constam de um repertório que precisa, naturalmente, de afinações. E se foram precisos 23 minutos para ver o novo seleccionador levantar-se do banco pela primeira vez, não foi necessária sequer uma hora para conhecer um importante corte com o passado - possivelmente maior do que a ausência de Ricardo -, um sistema táctico alternativo!
Na maior evidência da seriedade com que foi encarada esta aula de apresentação, Queiroz pôs em campo um 4-2-3-1 com as trocas de Deco e Carlos Martins por Danny e Manuel Fernandes, com este a colocar-se ao lado de Raul Meireles e o jogador do Dínamo de Moscovo como nº 10. Quase apetece chamar pormenor aos cinco golos marcados, tal a diferença de valores em campo, mas é preferível vê-los como um início auspicioso, a confirmar já a 6 de Setembro.
Venham daí os jogos a valer...
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