Primeiro, o herói e esse tem nome que, não sendo próprio, assenta-lhe bem: Hulk. Num momento de fúria, o brasileiro arrancou um petardo de pé esquerdo, colocadíssimo, e deixou Júlio César de cabelos em pé, indefeso, perante uma bola que tinha destino marcado. A baliza, onde chegou num piscar de olhos. O estádio levantou-se, como é suposto que se levante em qualquer golo, mas não disfarçou um suspiro longo, numa espécie de catarse colectiva a servir de vénia a um momento único.
Ainda que os treinadores detestem que se perca muito tempo com apenas um dos jogadores, é justo prosseguir com Hulk. Quando o lançou, minutos antes, Jesualdo terá pensado apenas na melhor forma de fazer descansar Rodríguez, sujeito ao desgaste de uma viagem louca, mas o brasileiro saiu-lhe melhor do que a encomenda e começou por ameaçar com algumas arrancadas que já fazem parte da imagem de marca, levando tudo à frente.
Incluindo Mariano, que teve o azar de colocar o pé onde não devia e, ao fazê-lo, levou com toda a força de um livre marcado por Hulk. É capaz de doer. Doeu mesmo, obrigando Fucile a saltar do banco e a terminar o jogo como extremo improvável. Agora, o princípio de tudo. Sem Hulk, mas com um Mariano fresquinho, a provar que a ausência na Supertaça é bem capaz de ter sido mesmo importante. Pelo menos, esse regresso permitiu ao FC Porto apresentar-se com as peças no sítio certo.
O mesmo é dizer, por exemplo, com Lisandro no meio, onde é um perigo a dobrar. Mas houve mais novidades nas escolhas de Jesualdo: um trinco novo, Raul Meireles, a conferir outra consistência defensiva e ganhar complemento directo num Tomás Costa prático. E eficaz, diga-se. Aliás, foi numa recuperação de bola do argentino, aproveitada por Lisandro para um contra-ataque rápido, que começou o primeiro golo.
Lisandro ensaiou-o, mas seria outro argentino, Mariano, a empurrar definitivamente a bola, num desvio acidental depois de um alívio mal calculado de China. O Belenenses, assente num losango que costuma encravar os portistas, acusou esse golo madrugador, apesar das tentativas para aproveitar inseguranças que o quarteto defensivo do FC Porto ainda não resolveu. As alterações da segunda parte não mudaram muito, apesar de Organista ter obrigado Helton a uma defesa complicada.
Mesmo antes da expulsão, houve alguns tiros no pé, em atrasos mal calculados, que precisam de ser corrigidos. O resto já se sabe. O resto foi Hulk...
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