Perceber cedo que não tinha adversário tornou-se problemático para o FC Porto. Um problema assimilado de barriga cheia, porque já havia três golos de vantagem quando os portistas abrandaram o ritmo do que parecia ser o começo de um massacre prolongado. Não foi. Bater em quem não se mexe, como o Cagliari da primeira parte, virou um exercício monótono, sobretudo para jogadores que têm lugar seguro nas opções de Jesualdo: Lucho passou a economizar esforços; Lisandro, Bruno Alves e Raul Meireles saíram ao intervalo.
O rolo compressor que abriu o jogo emperrou com as mudanças, apesar dos esforços de Rodríguez para o reabilitar. No meio desses detalhes, sobra o essencial: mais dois golos marcados de bola parada, o que, bem vistas as coisas, é uma inovação. Carregue-se no botão da memória: na última época, quantas vezes se levantou o problema das bolas paradas? Muitas.
O FC Porto parece agora interessado em mostrar trabalho, dando sinais de progressão num ponto que pode ser ainda mais decisivo na Liga dos Campeões. Em Braga, os portistas apresentaram golos para todos os gostos. Aliás, junte-se os dois jogos deste torneio e, dos sete golos marcados, três deles surgiram na sequência de cantos ou livres. Facto. A seguir, outro: sem o monopólio de Quaresma, há mais gente a marcá-los. E bem.
Lino, Lucho e Tomás Costa, por exemplo. Nesta fase sem campeonato, de ensaios e experiências, sublinhar as bolas paradas pode parecer irrelevante, porque está tudo concentrado nas questões individuais. Todos querem é saber detalhes de Hulk e companhia. Nem de propósito, peguemos em Hulk, salvo seja, que ele parece pesado. O ritmo pachorrento da equipa não o ajudou muito nesta segunda oportunidade e, até marcar, ele também não.
Falhou um golo de forma incrível, mas reconciliou-se depois, já no fim, num lance que juntou predicados que dizem ser imagem de marca: força no arranque, técnica na forma como sentou o guarda-redes e, em resumo, um bom golo. Esse foi, de resto, um dos poucos pormenores positivos da segunda parte, que teve um Rodríguez esforçado e um Sapunaru polivalente, a mostrar credenciais como central.
Muitos dos outros deixaram-se embalar no facilitismo e o Cagliari aproveitou para fazer o ponto de honra. Sem comprometer a vitória e muito menos a conquista do torneio...
Filipe Cruz
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